segunda-feira, 12 de maio de 2014

Don't touch this

Tem um vídeo rolando na rede, sugerindo que deixemos nossos celulares. No sentido de largar mesmo e ver as chances que perdemos, enquanto assistíamos a vida em uma tela.
Longo e, mesmo assim, bonito. Porque até hoje frisamos que não temos tempo.
Lembrei de quando meu celular não tinha todos esses recursos ~mínimos~ de hoje, ou até mesmo quando não tinha celular. Eu escrevia mais… e melhor, imagino.
Em contrapartida, distraía menos e sentia muito mais forte todas as alegrias, e ainda mais as tristezas e saudades.
Antes eu carregava bloquinhos de papel e canetas para todo lado, demorava-me em alguma praça, rabiscava a vida das pessoas. Hoje riscamos a nossa vida em touchscreen. Sem tocarmos uns nos outros. Ironicamente, já que touch em inglês, significa toque.
Hoje mal demoramos debaixo do chuveiro. Tudo precisa ser rápido. A fome, o sono, o carinho.
Menos os feriados. Porque desses não há quem abra mão.





Look up - por Gary Turk

domingo, 11 de maio de 2014

A última coisa que eu queria era falar de amor

Mas a gente não vive sem ele. Ou acha que não.
Dá sim para viver sem o amor, mas não sem amar.
Gente.
Um pouco de carbono, criatividade e vontade de ser meter na vida alheia.
O fascínio pelo ser humano é inevitável.
A identificação também.
O comportamento humano e a ironia social.
Isso ilumina.
E foi desse brilho que nasceu Prissílabas.
Quando as sílabas não eram suficientes para contar o que eu via.


REM - Imitation of Life

Até que...

Vivo em um mundo que as pessoas moram na internet. Habitam, vestem, alimentam-se. Conhecem e não abraçam. E, abaixo dos sorrisos estáticos, há um pouco mais (ou menos) que a ferramenta do instagram pode cortar, do que a rede pode mostrar. Eu também moro um pouco na internet. Até que sinta o vento entrando pela janela, até que a chuva entre junto e molhe os lençóis da minha cama. Até que ouça os fogos de alguma data comemorativa, quermesse ou campeonatos de futebol.

Vivo em um mundo em que a autocensura é automática quando o assunto é política, religião e homossexualismo (até hoje!). Até que apareça na novela.

Vivo em um mundo em que ninguém que eu conheço tem dinheiro nunca, mas vive viajando e aparecendo com coisas novas. Mas não discuto, talvez foram contemplados em alguma promoção.

Vivo em uma época em que citações filosóficas saem de entrevistas ou trechos de música de qualidade duvidosa.

Ah é, e eu vivo no país que vai sediar a copa do mundo. Aquele mundo mesmo, o que mora na internet. E já estou começando a desconfiar que esse 'sediar' vem de sede e não de sede, sabe? Até lá muita gente vai morrer de sede para que chova na nossa horta. E que vai ser difícil encher a taça e matar essa sede.


The Cure - The End of the World

domingo, 4 de maio de 2014

Eu não vou chorar.

Por mais que lave a alma, o rosto, o corpo e o travesseiro. Por mais que digam que alivie a dor, mesmo que me despedace por inteiro. Por mais que eu tenha desejado apenas te fazer sorrir.
Eu não vou gritar.
Contestar desesperos que estão apenas dentro de mim, erros que apenas eu enxerguei e lamentar lugares que só eu viajei, com você, nos meus sonhos mais loucos.
Tentarei não mais lhe incluir nos meus devaneios. Não desviarei dos arrepios alheios. E ofertarei um minuto de saudade, um pedaço da vontade que passei e não recebi.

Chris Cornell - Redemption Song

"Fica comigo só hoje." Eu diria todos os dias.

E nos dias que eu não visse passar, eu repetiria nas noites também.
Como um bom hábito. Como uma futura tradição.

Eu ficaria olhando para você por horas.
Até não sei quando, ao certo. Até que você me sentisse por perto.
Porque você me desconserta sem me quebrar.
Atormenta, tira meu ar. E como eu adoraria..
Que você ficasse comigo só hoje. Eu diria todos os dias.



City and Colour - Hope for Now

Se a saudade é a falta, por que transborda tanto?

O vazio é pouco, mas ao completar, fica cheio. Pela metade não queremos viver e transbordar pode ser demais?
Saudade, meros mortais, escorre pelos dutos corporais. Em um estado desconhecido de matéria, ou talvez apenas mutante. Enche copos, corpos, cabeças e buracos tão grandes e tão rasos,  que não se sente afundar, afogar. Que não se pensa em enterrar. Ou deixar escoar. No tempo. Aquele placebo perfeito, que vai apagar o que não deu "certo". Posto que errar é que ''humano''. E são tantos os enganos...
Porque o tempo é relativo. E o pensamento em relação a ele é de uma escassez...
Eu tenho pra mim que nada dá errado. Nem a insistência no passado. Penso que tudo dá certo. Por um ano, por um dia, por 19 segundos.. Tanto faz. Senão para que tentar?


Silverchair - Tomorrow

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Drops #7

Sentir é a melhor coisa que existe. 
Privar-se disso só por um medo ridículo de sofrer é pensar além do que a palavra futuro significa.
Pare e viva hoje. 
Amanhã o sentimento muda, fortifica ou acaba. 
Tanto faz. 
É só não esperar.