quinta-feira, 26 de abril de 2012

Nem sempre...


Nem sempre amor é à primeira vista.
Nem sempre é amor.
Nem sempre a grama do vizinho é mais verdinha.
Nem sempre o vizinho tem grama.
Nem sempre fazer o certo é fazer o bem.
Nem sempre colorido é bonito ou preto e branco é triste.
Nem sempre a mentira ajuda. Nem sempre a verdade dói.
Nem sempre música agita, multidão irrita
Nem sempre quem procura, acha
Nem sempre sexo relaxa
E nem sempre, “pra sempre” dura muito tempo.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Delírio V


Olhou para o celular mais uma vez. Queria que essa fosse a última. Queria que agora tivesse um recado, um sinal de que estava tudo bem. Queria ouvir a voz dele... queria tantas coisas que já não cabiam nela. Não pensava chegar à esse ponto. Não de novo. Mas sabia que poderia acontecer. Porque simplesmente se conhecia muito bem. Claro que não era a mesma intensidade, nem o mesmo sentimento, como aquele que há algum tempo... enfim, era bom. E, depois de tanto tempo, ser bom era só o começo.



sábado, 14 de abril de 2012

Sobre o tempo e nada mais


Sempre me faltou um pouco de egoísmo na relação, então...
Você acha mesmo que perco tempo falando de você?
Lógico que não.
Para mim, falar de você não é perda de tempo.
Em outro tempo, eu falava com você, e preferia.
Mas a gente se vira com o que tem, não é?
E não se iluda, não é nenhum sacrifício ficar sem.
Aliás, nunca estou sozinha, ao contrário de você que se sente só em meio a uma multidão.
Se sinto a sua falta? Não.
Sinto falta de nós, porque você comigo é muito mais legal que você sozinho, aceite isso.
Cheguei a pensar que nunca se importou de verdade. (E é muito triste pensar isso).
Dói. Mas dói como cortar o dedo com papel. Arde muito e a gente só percebe quando já está cicatrizando.
Então, se falar de mim, vou saber que estará pensando em mim e soará como música para os meus ouvidos, só que se eu não gostar da melodia, cuidado que posso estourar a caixa de som.


domingo, 8 de abril de 2012

(V)azia



Então de vez em quando eu desacelero
Olho em volta, tanta gente. Olho aqui dentro, ninguém.
Penso no futuro, que sempre será futuro, e que não vem.
Rir é tão difícil às vezes, e o que fazer quando o ‘melhor remédio’ não está disponível?
Chorar como? Se as lágrimas secam antes de sair.
E o corpo arde por não conseguir sentir.
O mundo está diferente.
Parece que estou vendo por fora. E que lá dentro está tudo bem.
Todos juntos e felizes, nesse mundo que também era meu.
Mas o que estou fazendo do lado de fora?
Não tem mais ninguém sobrando, como eu.
Para que eu quero descer!
Eu e meus cabelos bagunçados, unhas por fazer e meus olhos brilhando sem escorrer.
Então de vez em quando eu desespero.
Espero o dia acabar, na ânsia do bem estar.
Só tentando me preencher.




sábado, 7 de abril de 2012

Delírio IV



Às vezes eu queria ser uma praça num fim de tarde. Testemunhando juras de amor, oferecendo-me de palco para histórias, aconselhando passarinhos, abrigando feirantes. Uma praça com sombra gostosa. Com sonhos pendurados sob os galhos das árvores. Com dedos entrelaçados em algum canto do coreto.
Guardando os primeiros aprendizados, com gosto de sorvete de cereja e cheiro de ‘merthiolate’. O som dos latidos e miados. O aroma da loção pós barba misturado com o cafezinho de costume. E os sorrisos. Porque é mais que bancos e grama. É surpresa pra quem ama, é risada gostosa de criança. É solidão e companhia. E saudade com vento no rosto.