domingo, 16 de setembro de 2012

A curto prazo

Se eu tivesse poucos dias, vou dizer o que eu faria. Eu correria para você. E isso não seria surpresa pra ninguém. As pessoas teriam imaginado que eu o fizesse algum dia, com ou sem notícias ruins. Pediria demissão. Não cumpriria aviso prévio. Não por não gostar de trabalhar, mas por não estar aqui para receber o retorno  disso. Visitaria algumas pessoas, só pra rir um pouco com as histórias. Ensinaria algumas receitas para quem quisesse aprender. Faria um piquenique. Adormecendo debaixo da árvore, depois de assistir ao pôr do sol. E queria que me dessem sorvete na boca, parece romântico. Poderia deixar vários textos escondidos pra ser lembrada no futuro. Inclusive aqueles que te escrevi e que você não tem conhecimento. Talvez te entregasse esses antes disso. Você precisa saber dos meus devaneios e toda a veneração que cultivei. Porque, apesar disso eu deixei você ir... e quem vai agora sou eu. Não quero incomodar, só quero segurar sua mão e assistir você dormir. Escovar os dentes e te ver atrás de mim no espelho. Me desfazer em seus braços e deixar meu coração para você. É uma ideia do que eu faria, se eu tivesse poucos dias...


sábado, 8 de setembro de 2012

Duas garrafas de coragem


Não sei dosar sentimentos. Colocar num copo e beber... como se fosse a cura para a falta de esperança. Ou para a falta de você. Mesmo porque pode descer quente e deixar um doce traiçoeiro nos lábios. Eu sei doar sentimentos. Abrir a torneira e deixar escorrer. Até vazar ou sair pelo ralo. E engolir o excesso, o choro, a dor. Maldito vício! Esse de insistir. De pensar (e torcer) para que as situações aconteçam como imaginamos na nossa cabeça. Às vezes é tão bom ser pega de surpresa.
E de que adianta ser à prova de balas e acabar derrubado pela indiferença?


Do zero

Deve ser medo de começar do zero. De descartar a melhor ideia de amor que já tive. De te deixar ir.

É a sensação dos dias em que acordo querendo chamar alguém de amor e planejar uma sala de estar. Preparar uma receita e pegar no ar aquele beijo jogado com o canto da boca, o coração aos pulos, enquanto nossos sonhos flutuavam entre os aromas da cozinha. É sua mão na minha dentro do cinema, é o cheiro de café... ou do cappuccino do posto nas nossas madrugadas. Sou eu fazendo você dançar na pista de uma balada. É você me tirando o fôlego e me ensinando que dá pra dizer muito sem precisar falar nada. É o setor de filosofia, são os corredores da livraria. E a vontade de ser sua, antes mesmo de você me notar. Porque agora não adianta mais te amar. Nossos corpos imãs e nossos pensamentos estão soltos... longe um do outro.
Sou eu entendendo que não é mais você.

Devia ser medo de começar do zero.